quinta-feira, 18 de setembro de 2014

SANTINHOS *









LUIZ MARTINS DA SILVA

Não se veem nos cartazes,
Nem vivem a pedir votos,
Mas, tanto são os devotos
De anônimos padroeiros.


Nem políticos, nem profetas,
Não debatem na TV.
Não prometem, só espiam
Os lares que são marquises.

A santa putinha que vela,
Por donzelas indefesas.
Os mártires sem cofres que doam
Migalhas aos ventres ocos.

Herdeiros dos meio-fio
À ala dos indigentes,
Eles retornam nas sombras
Aos órfãos do bem-querer.

Não há como serem ungidos:
Número, zona, seção, urna...
Candidatos, sim, em socorro
Dos servos da cola e thinner.


*Santinhos , na gíria eleitoral, são retratos de políticos, 
distribuído à farta em época de campanha.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

DE PAR EM PAR



LUIZ MARTINS DA SILVA



Um velho par de botinas 
Não chega a ser um parente,
Mas pode saber de nós outros
Bem mais do que um íntimo ente.

Prá lá de vinte mil léguas,
Quase quatro continentes,
Ah ! quantas rodoviárias !
E até um farol marinho.

Fogueira, sereno e lua,
Barba passando de junho,
Um violão de cordas bambas
De tanto vinho e relento.

Isso, foi milênio passado,
Quando ainda era andarilho
Homem revolucionário,
Agora mapa de um rosto.
 




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