domingo, 31 de maio de 2015
LAMPEDUSA À VISTA
Luiz Martins da Silva
Eles salvam baleias, não salvam?
Também as nossas famílias
Agonizam sobre as ondas.
Eles irão nos acolher.
Um dia, também vieram
Acostar-se em nossas praias.
Tanto tempo nossas terras
Repartidas em colônias.
Fazem parte de uma União.
Também queremos unir-nos
Aos que um dia nos ungiram
No aceno de fé e oração.
Também teremos direitos,
Universais, consagrados?
Golfinhos talvez entendam
O que estar à deriva.
Eles recolhem das águas
Tanta riqueza perene.
Reconhecem na paisagem
Crianças, mulheres, homens?
Lampedusa, meu amor
Não me sejas Hiroshima.
Pois já diviso teus braços.
Tua areia, meu destino.
segunda-feira, 25 de maio de 2015
ESTRELAS
LUIZ MARTINS DA SILVA
[...] só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas
Olavo Bilac
Capaz de ouvir e de entender estrelas
Olavo Bilac
Solitárias amigas eu vos peço:
Revelem a tantas e quantas criaturas,
Essas que, por coisinha à toa,
Arrogam-se em maiorais do pedaço.
Ah! Se atinássemos simples vaga-lume,
A vida em tão ligeiro traço,
Teríamos um pouco mais de tento
Entre o ego e a modesta Via Láctea.
Cada um, por si, desenha o seu
Espelho singular no Universo
Do grão de areia ao Céu que não esquece.
Viver e morrer são lineares.
Dormir é se embalar de firmamento
Enquanto a noite é prece de aurora.
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