segunda-feira, 1 de maio de 2017

PRIMEIRO DE MAIO






Luiz Martins da Silva



Disse Marx, padroeiro do trabalhador: 
" Só o trabalho produz valor".
Agora, há quem diga: ' O negócio está no ócio'. "Que preguiça!'', geme Macunaima.
"


Trabalhar em romano era tripalium,

Instrumento de tortura, mas, que doçura,
A abelha a lidar com a flor, pólen e mel,
Mania de besouro é rolar pelota.


Enquanto há digestão, a matéria come pão.

E o patrão vê no vil apego
A chama do umbigo,
O grito que não se apaga.


''Eu não vim para ser labrego'',

Resmunga, o colonizador,
Até hoje, donatário.
Dom de fazer do outro otário.



Na poesia, propôs o crítico Faustino:

Há que surgir um Andrade
Capaz de juntar os três: Mário, Oswald e Carlos.
Eu sou é gente, saruê é que é um bicho.


Não vivo nu, quando muito, ameríndio.

Reservem para mim este cantinho,
Predileto, do seu ombro, cantinho ninho
De quem dorme para sonhar com beijinhos.



Labora et ora. Ora et Labora.

Questão de laboratório.
Destino é mistério do além,
Até para quem não é beneditino.


Pintura- Tarsila do Amaral ,  (1886-1973

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