LUIZ MARTINS DA SILVA
Espelho I
Planeta, olhando a figura,
Reflexa, no céu profundo,
Intimidado, não ri.
Vergonha do pranto na face,
Enquanto, se vê, sisudo,
Aos poucos, bilhões de idade.
Espelho II
Até no remoto deserto
Ainda encontra beleza.
Por mais escasso que seja,
É gênese plena de vida
Explodindo em cada poro,
Basta-lhe uma gota de orvalho.
Espelho III
Do futuro o que podemos,
Cada um dos seus bilhões,
Planeta de todos nós
Em cada semeadura:
Ocaso ou Jardim do Éden
Berço ou cova, já o somos.
Espelho IV
Hora de contar segundos
Na ação de cada dia,
Calendário do agora.
Coração de continente
De tudo que há na Terra,
Há muito mais do que gente.