quarta-feira, 7 de setembro de 2016

SOBRE O SÓBRIO






LUIZ MARTINS DA SILVA



Mentores, há creio.
Um Gandhi, um Tagore.
Pessoas, Borges, Barros, Coras,
Adélias soltas pelos prados
Quais margaridas-borboletas.



QUEREM UM POUCO DE ESCRITA
Afinal, mesmo lá de seus repousos
Ainda insistem, consistem e persistem,
Pois, se perderem as mãos físicas, agora,
Escrevem com asas, arcanjos de sopros,
Não de trombetas mas toques sutis.


NÃO SEI PORQUÊ,  GOSTAM DESSES BRASIS

E dos brasileiros herdeiros que somos
No amor, no susto, no surto e no surf
Sobre estas ondas do perigo do fácil,
Mas, como disse um certo Fernando
Se ao mar o perigo deu, nele é que espelhou o céu.


COM O SEU DA BOCA SOLETRO NUVENS

E, mesmo no lugar comum dos carneirinhos,
Eu os reúno qual pastor que mais se aconchega
Na calorosa lã das confiantes ovelhas,
Que também acreditam numa centelha,
Faísca da coragem de nem saber do depois,
Mas, o quanto antes, andante, tropo, topo
Estamos,  sim, no mesmo rumo, ainda esboço.



domingo, 4 de setembro de 2016

APELO AO GRAMADO






Luiz Martins da Silva




Quando vieram os que por aqui chegaram

E ganharam de apelido os forasteiros, candangos,



Eu vi surgir na savana um outro mar,


Não de alagar, não de aportar, de contemplar.


Do alcance do pé à miragem do horizonte,


Do azul esfuziante ao vermelhão do óxido,


Por fim o tapete exótico rebrotou


E, com ele, as placas do civilizado aviso:


Não pise! Agora, é reverente flama.



Tão farta verdura por que não é pasto?


Se não vereda, que sertão é lastro?


Outrora convidados, agora, palácios


Cercados de capim, chique e tosado.


Roça agra, mas de não sortir roçado.



Hoje, no retrato ainda bem vindos,


Celebrados pioneiros, mas por ora piotários.

Severinos, venâncios, paus-de-arara.


Em que diferem pessoas quando olhamos


E o que vemos, gravatas e formulários?



De almas limpas, avós no calendário,


Mal sabiam das pranchetas o traçado.


Afinal, em vastidão de pouca esquina,


Quem faz conta de rastro em labirinto?


Que instinto orienta o minotauro?



Que viva mais quem no verde faz divisa,


Tal o ornamento do chão na modernidade.


Da bola entre as linhas ergueram-se os louros


Desde esse cogito olímpico em que somos 

campeões.


Todos à rega! Um dia, por baixo, descansaremos.


Fotografia- Alberto Ferreira

Translate

Total de visualizações de página