sexta-feira, 2 de novembro de 2018

FINADOS, QUEM?



LUIZ MARTINS DA SILVA
[Para a cisma, de Batista Filho
sob a íris de Van Gogh]



Então, cismei.
Vêm aí, finados.
Mas, fim de que?
Quem morreu?

De memória, sei.
Mais ainda são.
Os vivos e contritos.
O amor não se despede.

Viver é em navegações.
É do amor o ajuntar mais.
Quem ama cansa, não se cansa.
Pacto de querer bem, além.

O amor é  uma deixa.
Segue pausa, numa caixa.
Carregamos, é fato, seis alças:
Teu fúnebre poema-andor.

Em cova ou ao creme, tanto faz.
Em breve, em breve seremos, serenos paz.
Numa mesinha de cimento continuaremos
Aquela partida besta de dominó?

Quem sabe faz a hora, ora faz.
Em geral, não se faz em um século.
Por isso, digo: curtam o algodão doce.
Fácil, volátil, colorido caleidoscópio.

Tela- Íriases, Vincent Van Gogh

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Translate

Total de visualizações de página