segunda-feira, 19 de junho de 2017

O FOGO É FADO



 [A propósito de uma foto do Diário de Notícias]
Luiz Martins da Silva

Quando os fogos ateiam línguas,
Dialeto das labaredas,
Por vezes, de causas irônicas,
A imprevisível trama dantesca,
Próprias da cena britânica,
Ou do fado português...


O que querem de nós as chamas,
Quando, na fuga, o fulgor
Não sai a soneto, Camões,
Nem prece de Shakespeare?
Por vezes, o fogo é fato,
Midiático antes do luto.


Oremos, por nós, ingleses,
Franceses, alemães, brasileiros...
No incinerado das cinzas
Que que até há pouco eram sonho
E, hoje, nem de perto sombra
Do que chamamos de nada.


Tudo de nós é sofrer,
Pelo que herdamos na distância
E que honraremos na saudade;
Na memória dos que desde a infância
Fizeram com sangue, suor e lágrimas
Mais por nós do que por eles.

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