segunda-feira, 20 de outubro de 2014
DESAPEGOS
LUIZ MARTINS DA SILVA
Olhando, assim, de relance
Para um mundo mais humano,
Ouço um passarinho insistente,
À borda de uma varanda:
'Não sei dia, mês e ano."
Olhando, assim, para a vida,
No topo de uma montanha,
Ouço um peixe bem aquífero,
Desde o seu manto azulado:
"Não sei o que é uma lágrima."
Olhando, assim, para a noite,
De mar e céu estrelado,
Dos confins de alto a baixo,
Ouço um astro coruscando:
"Pouco me diz o meu fardo.
Olhando assim para o tempo
E todas as suas pinturas,
Penso no acaso do vento,
Sem trambelho ou compostura:
"Sou a moldura do nada."
Olhando, assim, para um copo,
Ainda cheio de água,
Sou filho, sou pai, sou corpo,
Este agora: enrodilhado:
"Logo passa a tempestade."
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