LUIZ MARTINS DA SILVA
Olhos são sempre marés
Para o Éden nosso de cada dia.
Sublimações etéreas, mesmo quando o horror
Nos subjuga em direto para as masmorras
Dos imaginários patéticos.
A criança morta, oferecida pelas ondas,
Agora, dorme comigo.
Acordo, e ela está no meu leito,
Por acaso confundindo o meu aconchego
Com o regato e o mimo de seus pais.
Os corpos dos meus irmãos boiando,
Na noite da superlua, “30 por cento mais visível”!
Oh! Quanto que inútil saber de oceanos numa lua de Saturno!
Por aqui, Saturno devora os seus filhos como num quadro de
Dante,
Enquanto os discursos transferem midiáticos apelos de
piedade.
Hoje, será mais uma noite de burburinhos e rastreamentos:
Fechem as fronteiras! Blindem todas as entradas!
Sanguinários e coiotes espalham tiros e gargalhadas,
Eles se acham na pretensão apocalíptica dos profetas
Que escolhem os eleitos na mira do fuzil.
Anomias, anomalias, sociopatias!
Serei eu um alienado uivando, primal, para superlua?
E ainda na aurora me surpreenderei com um botão de orquídea?
Perdão para os meus olhos, mal acostumados a belezas.
Mas, há uma criança morta rondando o que tenho de ninho.
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