LUIZ MARTINS DA SILVA
A rede é minha nave,
Minha flor de lótus
Desde este barco, medito.
Melhor, cismo sobre sentidos:
Da vida, do amor, da morte.
Ou mesmo desse abismo, o nada.
Por muito tempo suposto
Artefato indígena, sertanejo,
Agora (parte de varandas)
Descubro, não tarde,
De dia ou pernoite,
A rede é cósmica.
Receita de rede ( I ):
Convém armá-la, fora,
Sujeita a tempo e temperatura.
Muda literatura, de pensamentos.
Companhia de trinados e vento
Receita de rede ( II ):
Convém amá-la, nela.
Amor vivíparo de pares
Ninho de prole de estrelas.
Relendo o relento ao céu,
Nus seremos artesãos.
Desde a primeira volta
E e o Gagarin
Anacoretas bebendo licor
E fazendo perguntas embaraçosas.
Ele, ateu. Eu, a Deus.
Em cada um de nós uma rede flutua
A rede, enfim, indiferente,
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